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quinta-feira, dezembro 8

Personalidades Petropolitanas




2011, ano que não esquecerei. Aos dez anos e seis meses de idade, período em que fiz o velho Exame de Admissão, através da Matemática, descobri o prazer de ensinar. Como irmão mais velho, tornava os mais novos, alunos; e me aventurava nas contas e na tabuada.
A paixão pela Língua veio depois, com a primeira carta enviada a minha avó que morava no Rio de Janeiro e com as cartas de amor ridículas que escrevia, conforme os versos de Fernando Pessoa:
“Todas as cartas de amor são/ ridículas./ Não seriam cartas de amor se não fossem/ ridículas. (...) As cartas de amor, se há amor,/ têm de ser/ ridículas./ Mas afinal,/ só as criaturas que nunca escreveram/ cartas de amor/ é que são/ ridículas.”
Na época, eu não tinha acesso a computador, nem tinha ideia dos celulares. Os Correios e o telefone eram os meios de comunicação que mais usava...
O primeiro poema que fiz, escondi entre as páginas do livro mais grosso que havia na estante do meu pai: o dicionário do Mec, capa preta dura, que se comprava na Fundação Nacional do Material Escolar (Fename). Ali entre tantas páginas, imaginava que ninguém iria achá-lo. Um dia, a minha mãe foi consultá-lo, encontrou o meu texto. Dela, recebi a primeira crítica. Meus erros ortográficos foram torturados. E das críticas, já estou bem calejado, vieram muito cedo...
Ainda não aprendi a conviver com as homenagens, com os elogios. Tenho uma certa dificuldade com o reconhecimento do trabalho que realizo. Não sou ligado aos adjetivos, gosto dos verbos e dos substantivos.
Quando o Padre José Augusto Carneiro (Pe. Jac) me ligou, falando que tinha sido escolhido como “Destaque Masculino da Educação”, levei alguns minutos para deixar “a ficha cair”. Pensei: isso acontece exatamente no ano em que me sinto mais inseguro diante da minha profissão, em que vejo os colegas questionando a sobrevivência dentro de uma sala de aula; em um ano marcado por tragédia como a ocorrida em abril em Realengo, no Rio, e em setembro, no Estado de São Paulo, fatos que marcaram negativamente a história da Educação do País.
E também neste ano, foi apresentado à Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 267/11, que estabelece punições para estudantes que desrespeitarem professores ou violarem regras éticas e de comportamento de instituições de ensino. Segundo esse Projeto de Lei, o aluno infrator ficará sujeito a suspensões; e em casos mais graves, será conduzido à autoridade judiciária competente.
- Nunca pensei que um dia seria necessário criar uma lei para proteger o professor em sala de aula.
- Nunca pensei que o professor um dia poderia ser refém do seu aluno.
- Nunca pensei que um dia veria tantos colegas de profissão com fobia da sala de aula.
- Mas sempre pensei que a mudança de um sistema social ocorreria por meio de um processo educacional. Não vejo outra saída, portanto, não é por intermédio de uma lei que iremos mudar a consciência social para que valorize os profissionais de educação, dando a ela a importância merecida para que tenhamos um País mais justo e humano.
Não se vive para vigiar e punir. A vida nos cobra muito mais. Tanto na sala de aula quanto fora dela, a disciplina deve ser mantida. E esta exige limites. Não se trata de “cada um no seu quadrado”, mas das delimitações do respeito à individualidade do outro. Deixa-se de ver apenas o indivíduo para se erguer a pessoa, o ser humano. O educar para tornar-se pessoa, para aflorar o humano no homem. E não se chega a esse estágio sem o amor, sem amar o que se faz.
- Faço o que amo, não por um salário, mas pela convicção dos meus ideais. Se restringisse a minha vida a ganhar dinheiro, não iniciaria pela sala de aula. Educar não é um negócio. Mas é possível negar ao ócio pela educação e aperfeiçoar o outro para o trabalho, para a vida.



Ataualpa A. P. Filho
Educador

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