ENCANTOS

A VIDA É DEMASIADO CURTA
PARA NOS PERMITIR INTERESSAR-NOS POR TODAS AS COISAS, MAS É BOM QUE NOS INTERESSEMOS POR
TANTAS QUANTAS FOREM NECESSÁRIAS PARA PREENCHER OS NOSSOS DIAS {BERTRAND RUSSEL]

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terça-feira, dezembro 13

Você ama?


E o que é o Amor, palavra tão decantada em músicas e poesias, em daclarações apaixonadas ou simuladas...
Você o reconhece em seus sentimentos? Ou o confunde com a paixão, aquela que o arrebata e o cativa por completo, mantendo-o numa dependência atávica ao objeto de sua paixão? Saberia descrevê-lo? Difícil... Manifesta-se de forma diferente em cada um, e varia dentro do próprio indivíduo, à medida que vai amadurecendo, além de adquirir tonalidades diversas a cada nova relação que se estabelece.
Dizemos que amamos também quando algo nos encanta ou nos atrai como o nosso lar, determinadas cidades ou lugares que nos proporcionaram momentos felizes, objetos aos quais nos apegamos...”I love New York”...”Paris je t’aime”...”Rio de Janeiro, gosto de você” ...ou até por tabela: “gosto de quem gosta deste céu deste mar desta gente feliz”...
Gostar não é o mesmo que amar, não tem a mesma intensidade. Já ouvimos e dissemos: “Gosto, mas não amo”, o que revela a existência de um sentimento semelhante, porém não igual ao do amor, uma espécie de simpatia, de inclinação para com o objeto em questão, porém sem o investimento libidinoso de que nos fala Freud.
Dessa teoria sobre a libido e suas destinações, surgiria a possibilidade de entendimento do fenômeno do ciúme como sentimento de posse do objeto investido: uma parte da energia libidinosa do sujeito foi transferida para o objeto, daí ser tão dolorosa a ideia de perdê-lo. Sofremos até com a perda de pequenas coisas, sem maior valor material, às quais nos referimos como sendo “de estimação”.
Citei o ciúme, com seu concomitante sentimento de posse, mas este fenômeno é bem mais complexo, por contar com vários fatores que contribuem para a variação do grau em que se manifesta, desde o mais leve ao mais avassalador e patológico. Quando exagerado, pode reduzir a capacidade de autocontrole, desembocando em gestos tresloucados como os que temos visto nas manchetes de jornais, onde vidas são ceifadas em nome desse “amor” extremamente possessivo. Nesses casos fatais, geralmente um dos parceiros teria se retirado da relação por decepção ou qualquer outra razão que leve alguém a não mais corresponder ao investimento amoroso do outro. Em pessoas imaturas, nas quais o nível de tolerância à frustração é muito baixo, o luto pela perda desse objeto não se processa, aí se instalando um sentimento intolerável de estar sendo roubada (de seu capital libidinal nele investido). Instaura-se neste indivíduo uma necessidade urgente de readquirir o objeto, nem que seja à força, pois, sob sua ótica, ele tem “direito” sobre ele. Sem dúvida, um caminho que impossibilitará a volta tão desejada. Contrariado em seu intento, desespera-se e não vê outra saída senão agredir ou até matar o objeto que, se não pode ser seu, não pertencerá a mais ninguém.
Outro fator importantíssimo a contribuir para desfecho tão trágico, atrelado à imaturidade, é a falta de amor-próprio, de auto-confiança, que faz com que o indivíduo traduza uma rejeição singular por coletiva, como sendo desprezado por todo o resto da humanidade. E se mata em seguida.
Deixemos de lado as tragédias e voltemos a assuntos mais amenos e gratificantes. Ao terminar nossos estudos fundamentais, tínhamos, quase todas as colegas de colégio, cadernos de lembranças onde escrevíamos nossas mensagens de despedida. Naquele momento uma etapa de nossas vidas chegava ao final, para dar início a outras, e talvez não nos víssemos mais, pelo menos com tanta freqüência quanto estávamos habituadas. Queríamos ser lembradas com o mesmo carinho que tínhamos umas pelas outras. Assim, palavras cheias de encantamento pelo mundo que nos cerca e de exaltação aos sentimentos mais nobres permaneceriam indeléveis ao passar dos tempos, exortando-nos a buscar a felicidade onde pudéssemos encontrá-la : “...quando estiveres triste por alguma razão, não te deixes abater pela tristeza, olha ao redor e ama o céu, o sol, a lua e as estrelas, o mar, as flores e os animais, a natureza inteira, e, mais que tudo, a beleza dos seres humanos. Ame-os a todos e às suas imperfeições, pois amando assim perceberás quanto de generosidade dispões, e te amarás também um pouco mais, por seres possuidora de tal qualidade...”
É bem possível que tenha acrescentado alguns detalhes ao que escrevera na época. Contudo o sentimento continua o mesmo, apesar do desejo “prevenido” que me poupa – não totalmente - da cegueira da idealização que costuma habitar os indivíduos românticos...
alicerh17@yahoo.com.br.

Maria Alice Hermann
Psicóloga e psicanalista

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