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segunda-feira, janeiro 9

A microssérie ‘Dercy de verdade’ mostra o outro lado da comediante

A microssérie ‘Dercy de verdade’ mostra o outro lado da comediante:

RIO - Aquela senhora centenária, desbocada e escrachada não resume a múltipla personalidade de Dercy Gonçalves, morta em 2008, aos 101 anos. Lembrada até hoje pelo público por seu humor de linguajar inconveniente, Dolores Gonçalves Costa é apontada pelos que a cercavam como uma mulher austera, careta. Todas essas faces serão mostradas em "Dercy de verdade", microssérie em quatro capítulos que estreia nesta terça-feira, depois de "Big Brother Brasil 12", na Globo, com a intenção de passar a limpo a trajetória da mais famosa filha de Santa Maria Madalena, pequena cidade da Região Serrana do Rio de Janeiro.

— A minha ideia é mostrar todas as Dercys, a que o público conheceu e a que só os íntimos tinham acesso: uma mulher de princípios rígidos, principalmente no que dizia respeito à sua família. Uma pessoa severa, com pudores impensáveis, às vezes triste e, apesar de sempre acompanhada por amigas e parentes, muito sozinha — afirma a autora Maria Adelaide Amaral.

Amiga da comediante, ela se baseou no próprio livro, "Dercy de cabo a rabo", para escrever a microssérie. Para Adelaide, embora desse a impressão de ter uma vida conhecida de todos, Dercy conseguia manter parte de sua privacidade vedada ao público.

— Ela era muito reservada em relação aos seus sentimentos. E, na vida amorosa, assim como na sua vida privada, Dercy foi uma mulher muito altiva, muito decente e muito íntegra. Como Chanel (a estilista Coco Chanel, que teve uma peça escrita pela autora), sabia a hora de sair de cena — conta.

Dirigida por Jorge Fernando, a produção — que também renderá um longa-metragem, com estreia marcada para 2013 nos cinemas — mistura drama $humor, com predominância do segundo gênero.

— A gente não tentou fazer gracinha. Partimos do humano para a comédia. A prioridade foi a emoção, apesar de ter palavrão pra cacete — adianta o diretor Jorge Fernando.

A atração traz Fafy Siqueira, Heloísa Périssé e sua filha, Luisa, no papel da protagonista. Estreante, a menina de 12 anos interpreta Dercy na infância. Heloísa dá vida à artista dos 17 aos 60. Já Fafy, que fez a comediante na minissérie "Dalva e Herivelto", assume a personagem em sua fase madura. E também será responsável pela narração da história.

— Foi muito difícil para mim. As imitações que $faço são caricatas e eu não poderia inventar agora com a Dercy — justifica Fafy, de 57 anos.

O que ajudou a atriz em sua composição para o papel foi a convivência com a comediante. Segundo ela, toda a acidez demonstrada por Dercy era apenas uma forma de defesa.

— O escracho do humor dela não é o escracho desse humor atual. Dercy era requintada e polida perto do que vemos aí hoje. Ela ria com a pessoa. E não da pessoa — observa Fafy.

O fato de não ter o mesmo tipo físico de Heloísa não foi empecilho. Para a atriz, as duas possuem a mesma energia de Dercy — requisito para a personagem.

Assim como a autora da série, as atrizes agora andam com um pingente com a letra D no cordão. E demonstraram grande afinidade durante o encontro promovido pela Revista da TV.

— Somos farinha do mesmo saco — completa Heloísa, de 45 anos, também acompanhada da filha.

Empolgada, a atriz carrega no celular várias imagens de cena e dos bastidores da produção. E faz questão de mostrar ao repórter uma em especial, em que ela e Fafy estão caracterizadas como a personagem, uma ao lado da outra.

— Não sabíamos que estávamos sendo fotografadas, mas estamos exatamente iguais nessa foto. Parece mãe e filha — observa.

Ao contrário de Fafy, que teve uma convivência maior com a personagem que interpreta agora, Heloísa precisou buscar referências nos filmes feitos por Dercy:

— Tive pouco contato com ela, que uma vez foi assistir à "Cócegas" (peça estrelada por Heloísa e Ingrid Guimarães) e subiu ao palco carregando sua bengala. Tiramos foto juntas, mas nunca fui de acompanhar os seus shows. Fafy ficou com uma Dercy que está mais viva na cabeça das pessoas.

Sentada ao lado da mãe, Luisa também assistiu aos filmes da comediante. A menina afirma ter tomado gosto pela profissão.

— Espero receber convites para outros trabalhos — avisa a adolescente, filha do ator Lug de Paula e neta de Chico Anysio.

Luisa surgirá em cena logo no primeiro capítulo. A série vai mostrar a difícil infância de Dercy. Abandonada pela mãe aos 5 anos, ela sofreu com os maus-tratos do pai violento. Adolescente, fugiu de sua cidade, onde era vítima constante de preconceito por não se enquadrar aos padrões da época. Encantada com o galã da companhia de teatro Maria de Castro, Eugênio Pascoal (Fernando Eiras), a jovem parte com o grupo numa Maria Fumaça.

Fã das atrizes Theda Bara e Pola Negri, a moça interiorana, que trabalhava em Madalena como bilheteira de cinema, descobriu na estrada a sua vocação artística. Abusada e tímida ao mesmo tempo, Dercy também viveu os seus amores, apesar de sempre afirmar nunca ter se apaixonado por ninguém. Nem mesmo por Ademar, batizado de Valdemar (Cássio Gabus Mendes) na microssérie, pai de sua filha, Decimar (papel de Samara Felippo).

Para a autora de "Dercy de verdade", a grande dificuldade deste trabalho foi condensar a história de uma mulher que viveu 100 anos em apenas quatro capítulos:

— Foi um exercício de síntese desafiador. Permanece apenas o que foi de fato relevante e determinante na vida de Dercy, aquilo que apontou caminhos, assinalou desvios de rota ou efetuou mudanças profundas na sua carreira e na sua vida.

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